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Escaneamento de íris em troca de criptomoedas levanta alertas de privacidade

Especialistas destacam riscos associados ao uso de dados biométricos

Filas de pessoas em busca de recompensas financeiras têm se formado em locais de escaneamento de íris em São Paulo. O procedimento, realizado pela empresa Tools for Humanity como parte do projeto World ID, promete até 48 worldcoins – uma criptomoeda que pode ser convertida em reais – para quem realiza a chamada “verificação de humanidade”.

Apesar do atrativo financeiro, especialistas alertam para os riscos envolvidos. Segundo Karen Borges, do NIC.br, a coleta de dados biométricos como a íris apresenta preocupações com privacidade e direitos humanos, especialmente devido ao potencial de vazamento e uso indevido dessas informações.

Embora a empresa afirme que os dados são criptografados e excluídos após o processamento, o pesquisador Nathan Paschoalini ressalta que o consentimento deve ser informado e qualificado, conforme prevê a LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados. "Ceder um dado tão sensível como a íris exige reflexão, pois ele pode te identificar por toda a vida", disse Paschoalini.

A ANPD - Autoridade Nacional de Proteção de Dados - já iniciou uma investigação para avaliar a transparência e segurança no tratamento dessas informações. Enquanto isso, especialistas recomendam cautela, especialmente para populações vulneráveis que possam se sentir pressionadas pelo incentivo financeiro.

A empresa Tools for Humanity defende que a tecnologia visa diferenciar humanos de sistemas de inteligência artificial, protegendo a privacidade e a economia digital global. Contudo, as discussões sobre a segurança de dados biométricos seguem em evidência, reforçando a importância de decisões conscientes ao compartilhar informações pessoais sensíveis. (Com informações Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil).