Saúde

Julho Amarelo reforça alerta contra hepatites virais e defende testagem como principal arma de prevenção

Campanha nacional chama atenção para o avanço silencioso da doença, que já causou quase 90 mil mortes no Brasil; diagnóstico precoce e vacinação são fundamentais

O mês de julho marca a intensificação da luta contra um inimigo silencioso: as hepatites virais. Segundo o Ministério da Saúde, entre os anos de 2000 e 2023, foram registrados 785.571 casos confirmados da doença no Brasil e quase 90 mil mortes relacionadas às suas complicações. Diante desse cenário preocupante, a campanha Julho Amarelo ganha protagonismo ao alertar a população sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.

As hepatites virais são chamadas de “doenças silenciosas” porque, na maioria das vezes, não causam sintomas por muitos anos. A pessoa se sente bem, sem febre, dor ou qualquer sinal aparente, mesmo que o fígado já esteja sendo comprometido. Esse silêncio pode durar anos, explica o infectologista Marcelo Cordeiro, consultor médico do Sabin Diagnóstico e Saúde.

As formas de transmissão das hepatites virais variam conforme o tipo. As hepatites A e E são, em geral, contraídas por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados, embora o tipo A também possa ser transmitido por via sexual. Já as hepatites B, C e D são transmitidas por contato com sangue contaminado, relações sexuais desprotegidas ou compartilhamento de objetos cortantes ou perfurocortantes, como agulhas, alicates e lâminas.

A boa notícia é que a prevenção é possível e acessível. A vacinação contra os tipos A e B é uma das principais formas de proteção, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, o uso de preservativos, a não utilização compartilhada de itens de higiene pessoal e a adequada esterilização de instrumentos usados em procedimentos invasivos são medidas importantes para reduzir o risco de infecção.

A testagem precoce é essencial para interromper o ciclo silencioso das hepatites. Exames simples de sangue — como sorologias e testes rápidos — são capazes de identificar a presença do vírus ou seus marcadores, mesmo na ausência de sintomas, e possibilitar o início imediato do tratamento.

O diagnóstico é feito por exames específicos de sangue, que detectam o vírus, os anticorpos ou alterações hepáticas. Muitas vezes, esses exames são incluídos em check-ups ou solicitados diante de fatores de risco, sintomas clínicos ou em campanhas de testagem, afirma Cordeiro.

A frequência dos exames depende do perfil de cada paciente. Grupos mais vulneráveis — como pessoas imunossuprimidas, com infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou que mantêm relações sexuais sem proteção — devem testar-se com mais regularidade: hepatite B a cada seis meses e hepatite C pelo menos uma vez ao ano.

Tratamento pode curar ou controlar a doença
O tratamento das hepatites varia de acordo com o tipo da infecção. Hepatites A e E, por exemplo, costumam ser autolimitadas e não exigem medicamentos específicos — repouso, hidratação e acompanhamento médico são suficientes.

Já a hepatite B pode exigir antivirais, especialmente em casos crônicos. A hepatite C, por sua vez, tem cura em mais de 95% dos casos, graças ao uso de medicamentos antivirais modernos, orais, seguros e altamente eficazes.

Julho Amarelo é, acima de tudo, um chamado à conscientização. Testar-se, vacinar-se e adotar práticas de prevenção são atitudes que salvam vidas. Se você faz parte de algum grupo de risco ou nunca se testou para hepatites virais, este é o momento de procurar uma unidade de saúde e cuidar do seu fígado — antes que o silêncio da doença fale mais alto. (Com informações Profissionais do Texto).